Estamos no ano regido pelo planeta Mercúrio, que rege entre outras coisas a comunicação, e é importante aproveitar a oportunidade para refletir um pouco em torno desse tema, uma vez que a tecnologia moderna anulou as distâncias e fez deste mundo uma pequena “aldeia”, dentro da qual somos todos vizinhos.
Há, porém, um problema: é que, enquanto se amplia a comunicação à distância, parece que vai se diminuindo a comunicação interpessoal.
Sabemos pela televisão, pela internet, pelo rádio, o que está acontecendo a cada momento em qualquer parte do mundo, contudo não sabemos como vai a família que mora ao lado de nossa casa.
O telefone e o computador nos permitem falar diretamente com alguém que mora do outro lado do mundo. Todavia não nos comunicamos com as pessoas que vivem em nosso redor.
Estamos ao mesmo tempo na era da comunicação e na era da incomunicação.
Colocam-se várias pessoas numa sala recebendo as notícias que a TV lhes comunica, mas estas pessoas não se comunicam entre si.
O pai não está informado sobre como foi o filho na escola naquele dia. O filho não está informado de como foi o pai no trabalho. O marido não toma conhecimento dos problemas da esposa, nem a esposa sabe quais são as dificuldades que o marido enfrenta. Mas todos sabem sobre tudo sobre as coisas que acontecem no mundo.
É um tempo de contrastes. É um tempo de progresso na matéria e desprogresso no espírito. E é preciso a gente parar para refletir, a fim de restabelecer o equilíbrio e evitar que o superdesenvolvimento do diálogo à distância acabe tornando impossível o diálogo pessoal, íntimo.
Outro dia ouvimos um homem dizer-se decepcionado consigo mesmo, e que precisava prestar mais atenção às coisas que acontecem a seu lado. Deu um exemplo: “Imaginem que no dia em que morreu o Rei Faiçal, fiquei sabendo no exato momento em que aconteceu pelo rádio. Da morte do meu vizinho que aconteceu no mesmo dia, fiquei sabendo só no dia seguinte”.
Todos nós temos algo a ser corrigido nesse aspecto. A vida moderna embrutece o homem, e ele vai aos poucos perdendo o senso de intervivência.
Vamos sendo transformados em ilhas, perdendo o relacionamento com nossos próximos mais próximos. Convivemos com o coletivo, mas não com as pessoas que estão ao nosso redor. Muitas pessoas já adquiriram imensa dificuldade em conseguir se expressar diante de outras pessoas, e falam maravilhosamente através de emails, sms, torpedos... Namoram muito bem via Internet, sem ao menos trocarem energias entre si por estarem próximos... Estamos ligados com milhares de pessoas nas redes sociais e ao mesmo tempo nos sentimos sozinhos....
É a era da comunicação ou da incomunicação?
Será que estamos tão saturados com informações que nos chegam do externo que já não suportamos lidar com as informações que nos estão próximas... aquelas que exigem a nossa presença, a nossa atitude, a nossa opinião....
É tempo de refletirmos sobre isso, mudarmos algumas atitudes e principalmente, selecionarmos aquilo que absorvemos para não enchermos o nosso campo mental com informações inúteis, que estarão ocupando o espaço das informações que nutrirão a nossa alma, nos trarão ensinamento e principalmente àquelas que trarão crescimento ao nosso espírito...
(tema inspirado por um Editorial publicado na Folha do Norte do Paraná em Agosto de 1975)
Deuse Mantovani
Ótimas considerações!
ResponderExcluirÉ exatamente o que acontece...
Nossas habilidades sociais são músculos, que devem ser trabalhados e exercitados para que se mantenham vigorosos e saudáveis. E o que acontece quando essas habilidades que deveriam ser físicas acontecem apenas no campo das idéias? Seremos socialmente atrofiados? É terrível imaginar...
Se não mudarmos, vai chegar o dia em que teremos todas as informações sobre o oceano, mas nunca teremos dado sequer um mergulho no mar...
Abç
Ana